Hermeto Pascoal, o “Bruxo” da música brasileira, morre aos 89 anos
Hermeto Pascoal, um dos maiores gênios da música brasileira e mundial, nos deixou no sábado (13), aos 89 anos. O multi-instrumentista, compositor e arranjador — conhecido como “O Bruxo”, justamente por transformar qualquer som em música — teve a morte confirmada em suas redes sociais oficiais.
Se você já ouviu falar dele, sabe que Hermeto não era apenas músico: ele era praticamente um alquimista sonoro. Tocava piano, flauta, sanfona, trompete, baixo, berrante, e, se deixasse, até uma chaleira ou um brinquedo de criança virava instrumento. Dizem que, se ele entrasse numa cozinha, o almoço virava concerto e a panela virava bateria.
Nascido em Lagoa da Canoa, Alagoas, Hermeto sempre foi considerado um dos artistas mais inovadores do Brasil. Ele transitava por estilos sem medo: jazz, chorinho, forró, música erudita e até improvisos com sons da natureza. Sua criatividade não tinha limites — literalmente, já que ele chegou a compor partituras usando datas de nascimento de pessoas como notas musicais.
Além de sua genialidade, Hermeto foi parceiro de grandes nomes, como Miles Davis, Airto Moreira e Elis Regina. Davis, inclusive, já o chamou de “um dos músicos mais importantes do planeta” — e olha que o cara não elogiava qualquer um.
Aos 89 anos, Hermeto deixou uma obra gigantesca, mas, acima de tudo, deixou a sensação de que sua música é eterna. Afinal, quem consegue fazer música até com o som da água fervendo não desaparece: se transforma em inspiração para sempre.
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🕯️ Velório aberto ao público em Bangu
O último adeus a Hermeto será dado em grande estilo, com o povo que sempre o acompanhou. O velório acontece na segunda-feira, 15 de setembro, na Areninha Cultural Hermeto Pascoal, em Bangu, Zona Oeste do Rio de Janeiro — um espaço que leva seu nome e que agora também se torna palco dessa despedida simbólica.
O público poderá prestar sua homenagem das 14h às 21h. É a chance de agradecer pessoalmente, com silêncio respeitoso ou até um assobio afinado, ao artista que sempre acreditou que música estava em tudo.
Um legado eterno
Hermeto Pascoal deixa não apenas discos e composições, mas uma verdadeira filosofia de vida: a música pode nascer de qualquer lugar, de qualquer coisa e de qualquer um que tenha coragem de experimentar.
Sua obra continua viva, porque o “Bruxo” ensinou que o som nunca morre — ele só se transforma.
Informações sobre sua morte
Segundo nota divulgada pelo Hospital Samaritano Barra, no Rio de Janeiro, Hermeto Pascoal estava internado desde o dia 30 de agosto. O músico vinha enfrentando complicações respiratórias decorrentes de uma fibrose pulmonar avançada, doença crônica e progressiva que compromete a capacidade dos pulmões de funcionar plenamente.
Durante o período em que esteve hospitalizado, Hermeto recebeu acompanhamento intensivo da equipe médica. Apesar dos esforços e da dedicação da família e dos profissionais de saúde, seu quadro foi se agravando ao longo dos dias. Nas últimas horas de vida, a condição evoluiu para uma insuficiência múltipla de órgãos, que acabou resultando em sua morte.
A notícia entristeceu não apenas o meio musical, mas também milhares de fãs que acompanhavam de perto sua rotina criativa. Mesmo debilitado, Hermeto nunca deixou de se conectar com a música — fosse revendo composições antigas, acompanhando novos talentos ou simplesmente improvisando pequenos trechos que compartilhava em encontros com amigos e familiares.
A despedida, portanto, não é apenas de um músico que lutava contra uma doença difícil, mas de alguém que até os últimos dias manteve viva a chama da curiosidade e da criação, características que marcaram toda a sua carreira.
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🎶 Legado e reconhecimento
Nascido em Lagoa da Canoa (AL), em 1936, Hermeto Pascoal cresceu em meio à música popular nordestina e, desde cedo, mostrou talento incomum. Autodidata, aprendeu a tocar sanfona ainda criança e, a partir daí, nunca mais largou o universo dos sons. Sua genialidade estava justamente na forma de enxergar música em tudo: fosse no sopro de um berrante, no barulho da água fervendo ou no canto de um passarinho ao amanhecer.
Hermeto ganhou o apelido de “Bruxo” porque transformava o banal em extraordinário. Panelas, brinquedos, chaleiras, apitos — qualquer coisa que emitisse som podia virar parte de uma composição. Para ele, o mundo era uma grande orquestra em movimento. Essa ousadia o tornou um dos artistas mais inovadores do planeta, admirado tanto no Brasil quanto no exterior.
Ao longo de quase sete décadas de carreira, Hermeto colecionou parcerias com nomes gigantes, como Miles Davis, Elis Regina, Egberto Gismonti e Airto Moreira, além de ter inspirado gerações de músicos que o viam como mestre e referência.
O reconhecimento veio em forma de prêmios de peso. Em 2024, foi consagrado com o Grammy Latino de Melhor Álbum de Jazz Latino/Jazz, um marco que reforçou sua importância além das fronteiras brasileiras. Já em 2025, recebeu o Prêmio da Música Brasileira na categoria Melhor Artista Instrumental, prova de que sua genialidade seguiu ativa e atual até os últimos anos de vida.
Mais do que troféus, porém, Hermeto deixou uma herança artística que atravessa o tempo: a ideia de que música é liberdade, experimentação e ousadia. Seu legado permanece como um convite a ouvir o mundo com mais atenção — afinal, para Hermeto, tudo era som esperando para virar melodia.
